terça-feira, 31 de maio de 2011

Resenha : O Livreiro de Cabul - Asne Seierstad


Livro:  O Livreiro de Cabul
 
ISBN :  9788577991082
 
Autor: Asne Seierstad

320 páginas

Ano : 2006

Editora : Record

Por ter vivido três meses com uma família afegã, na primavera de 2002, logo após a queda do regime talibã, a jornalista norueguesa Asne Seierstad pôde produzir esta narrativa ímpar que mostra aspectos do país que poucos estrangeiros testemunhariam. Como ocidental, mulher e hóspede de Sultan Khan, um livreiro de Cabul, obteve o privilégio de transitar entre o universo feminino e masculino de uma sociedade islâmica fundamentalista. Preso e torturado durante o regime comunista, Sultan Khan teve sua livraria invadida e parte dos livros queimados, mas alimentava o sonho de ver seu acervo de 10 mil volumes sobre história e literatura afegã transformar-se no núcleo de uma nova Biblioteca Nacional.
Apesar da situação estável, a família do livreiro, dividia uma casa de quatro cômodos em uma cidade que se recuperava da guerra e de trágicos reflexos políticos. Os integrantes da família acostumaram-se à presença da autora sob uma burca. Assim, ela pôde observar relatos das rixas do clã; da exploração sexual das jovens viúvas que esperavam doações de alimentos das organizações de ajuda internacional; da adúltera sufocada com um travesseiro pelos três irmãos sob as ordens da mãe; do exílio no Paquistão da primeira esposa de Sultan Khan, após um segundo casamento com uma moça de 16 anos, do filho adolescente do livreiro obrigado a trabalhar 12 horas por dia sem chance de estudar.
A autora apresenta uma coleção de personagens comoventes que reflete as contradições do Afeganistão, e nos emociona sobretudo ao apresentar a rotina, a pobreza e as limitações impostas às mulheres e aos jovens do país. O protagonista, mesmo sendo um homem de letras, é um tirano na orientação familiar, nos negócios, e pautado pelo radicalismo. Prova disso é que, indignado com o trabalho da autora, o livreiro de Cabul que inspirou o personagem Sultan Khan foi à Noruega com o propósito de pedir reparação judicial.


Olá pessoas estou de volta com a  ultima resenha de maio! Essa resenha faz parte do Desafio Literário 2011. O tema desse mês era livro reportagem e eu escolhi O livreiro de Cabul e não me arrependi. A jornalista norueguesa Asne Seierstad foi enviada para Cabul em 2002, para cobrir a guerra contra o regime do Talibã. Lá ela conheceu Sultan Khan um livreiro repleto de  ideias liberais.
O livro narra o período de três meses, em que Asne conviveu com a família de Sultan, inclusive morando na casa do livreiro. A autora descreve o cotidiano, a relação de Sultan com as duas esposas e seus costumes. Mostra a perseguição que este livreiro passou e como sua concepção de ideais liberais era vista pelo seu povoado. Apesar de ser liberal, Sultan era um homem rígido e um chefe de família bem tradicional no Afeganistão.
Os relatos são bem impactantes e a jornalista soube aproveitar as historias que ouviu e os acontecimentos que presenciou. O livro tem passagens que realmente nos chocam, mas que para aqueles personagens que vivem naquele país são coisas comuns, parte da cultura deles. Um povo que sofreu muito e ainda continua sofrendo. Acredito que livros como esse são importantes para entendermos o quanto a guerra e os interesses afetam a vida das pessoas simples, situações que as vezes ( ou quase sempre) as reportagens e matérias jornalísticas não conseguem ou não podem revelar.
Recomendo a leitura desse livro! Ate a próxima, bjnhos Pri

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Resenha ; Paixão e Liberdade - Flávia Cristina Simonelli

Livro:  Paixão e Liberdade
 
ISBN :  9788576793304
 
Autor: Flávia Cristina Simonelli

180 páginas

Ano : 2010

Editora : Novo Século

Pode um reencontro com o passado promover mudanças no presente? Quando duas amigas se reencontram após 20 anos, não são as mesmas pessoas, definitivamente. Mas os fantasmas do que já foram se misturam com os novos personagens em que se transformaram, provocando desconforto, assombro, desconcerto. Camila, uma jovem executiva que tinha tudo para fazer uma carreira brilhante em Marketing, acaba por tomar rumos completamente inusitados, em um país distante da Europa, onde vai conhecer a origem das dores do amor e da incompreensão. Já Isabel, sem tantas ambições profissionais, mas que desde cedo buscou viver com intensidade as emoções proporcionadas pelo amor, passou por duas relações importantes, que resultaram em uma viuvez e uma separação. Um romance arrebatador, que irá prendê-lo da primeira até a última linha.


Olá pessoas, estamos de volta com mais uma resenha. Mais um livro nacional resenhado aqui no blog. Paixão e Liberdade é um romance de Flávia Simonelli, que é autora parceira do blog e cedeu esse exemplar para a resenha. Obrigada Flávia, pela oportunidade.
O livro conta a historia de duas amigas Isabel e Camila que estudaram juntas na faculdade e se reencontram vinte anos depois. Camila volta da França para ter uma conversa importante com Isabel , que por sua vez também lhe conta a sua história.  É ai que a história desenvolve.
Partindo do presente, Isabel nos conta seu passado, sua relação com Camila e seus assuntos não resolvidos da época da faculdade: amores em comum, disputas e invejas. Gostei muito como a autora faz a ponte entre os fatos do presente e do passado, apesar das idas e vindas no tempo, a narrativa é tão bem feita que você não se perde. Vemos através dos pensamentos e lembranças de Isabel o quanto às vezes perdemos oportunidades de solucionar questões simples, que depois se tornam verdadeiros fantasmas que nos assombram, por medo das conseqüências.
Camila narra sua trajetória de sucesso profissional, mas também seus dramas pessoais. Acontecimentos que são narrados a Isabel, são fortes e a partir desses acontecimentos que Camila sente a necessidade de conhecer a si mesmo e buscar ser uma pessoa melhor. A busca de Camila e a sua mudança são narradas de forma bem realista, mostrando os sofrimentos enfrentados pela personagem.
Isabel também nos narra as mudanças que aconteceram na sua vida, sua busca incessante pela felicidade e pelo sentido e conhecimento da liberdade. Em vários momentos do livro, ela se questiona sobre o que é liberdade e como se lida com ela. Isabel se mostra uma mulher muito marcada pelos relacionamentos amorosos, sendo muito suscetível a se apaixonar e mostra o seu sofrimento quando isso acontece.
Apesar de ter o titulo de Paixão e Liberdade, os personagens masculinos, alvo das paixões das protagonistas, não são muito focados. Fabrizio e os demais amores de Isabel e Camila são realmente coadjuvantes da historia. E essa é a única critica que tenho a fazer do livro. Em alguns momentos senti falta de um aprofundamento maior nos romances, para que pudéssemos entender melhor os sentimentos de Isabel e Camila.
O final do livro é surpreendente, deixando vários questionamentos. O romance narra a busca de duas mulheres sobre a sua verdadeira essência e sobre o sentido da palavra liberdade. E mostra o quanto essa busca pode ser longa e dolorida. As protagonistas foram muito bem descritas e seus sentimentos são aprofundados através de uma narrativa envolvente. Gostei muito livro, o modo como Flávia escreve, torna a leitura rápida e agradável, apesar do livro tratara de assuntos densos em alguns momentos. Recomendo a leitura, acredito que quando chegarem ao final do livro, vão se questionar sobre suas próprias vidas... comigo foi assim...rsrsrs
Obrigada mais uma vez Flávia pela parceria e parabéns pelo livro. Vou ficando por aqui, bjnhos Pri
 Quer saber mais sobre a autora e o livro? Acesse:

 

domingo, 22 de maio de 2011

Resenha : Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley


Livro:  Admirável Mundo Novo
 
ISBN :  9788525046611
 
Autor: Aldous Huxley

398 páginas

Ano : 2009

Editora : Globo
 
 Ano 634 d.F. (depois de Ford). O Estado científico totalitário zela por todos. Nascidos de proveta, os seres humanos (pré-condicionados) têm comportamentos (pré-estabelecidos) e ocupam lugares (pré-determinados) na sociedade: os alfa no topo da pirâmide, os ípsilons na base. A droga soma é universalmente distribuída em doses convenientes para os usuários. Família, monogamia, privacidade e pensamento criativo constituem crime. Os conceitos de "pai" e "mãe" são meramente históricos. Relacionamentos emocionais intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade é moralmente obrigatória e a higiene, um valor supremo. Não existe paixão nem religião. Mas Bernard Marx tem uma infelicidade doentia: acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais graça nos prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Uma visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga, imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo. Extraordinariamente profético, "Admirável mundo novo" é um dos livros mais influentes do século 20.


Olá pessoas, vamos com mais uma resenha ! Escolhi  Admirável Mundo Novo como livro de ficção cientifica do Desafio Literário 2011, mas infelizmente não consegui terminar de ler antes do fim de abril.  Este livro sempre me chamou a atenção pelo titulo e já havia ouvido falar sobre ele em alguns blogs.
Aldous Huxley, que viveu no inicio do século passado escreveu uma obra futurista que se tornou um clássico. O autor nos leva a uma sociedade futurista, mas não especifica em que ano , ou década, ou século estamos. A visão de Huxley sobre a humanidade e seu sistema é tão fantástica e ao mesmo tempo tão coerente que até assusta. O caráter atemporal da sociedade de Admirável Mundo Novo,me levou a refletir que na verdade não estamos muito distante dessa sociedade apresentada pelo autor.
A historia nos mostra um futuro distante em que as regras morais de nossa atual sociedade são esquecidas e tratadas como inferiores. Conceitos como família, casamento são ultrapassados e causam ate mesmo asco quando relembrados. Os seres humanos agora são gerados por maquinas. Incubadoras formam o corpo humano e é nesse ambiente artificial que o destino e as aptidões desses futuros cidadãos começa a ser traçado.  Essa sociedade é dividida em castas, cada uma com suas funções e qualidades preestabelecidas e quando os bebes nascem  passam por uma espécie de hipnose através do sono , em que características típicas de cada casta são introduzidas de modo inconsciente ( qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência...rsrsrs). 
A sociedade prega a satisfação dos prazeres. O ato sexual é estimulado desde a infância, assim como a promiscuidade e o consumo. Ate mesmo para a tristeza há um remédio que quando tomado gera sensação de alegria.  A idéia de Deus é considerada absurda e nesse futuro, Henry Ford, é tido como uma divindade. Os indivíduos de O Admirável Mundo Novo trocam expressões como “Pelo amor de Deus” por “Pelo amor de Ford”. A automatização é a lei nesse mundo novo. No meio desses cidadãos civilizados e alienados conhecemos Bernard Marx, um jovem que como poucos questionam o sistema. Numa viagem, Bernard conhece o chamado Selvagem John, que cresceu numa reserva indígena afastada e que acaba sendo levado para a civilização para que fossem feitas experiências.  
Aldous escreve um livro cheio de jogos de idéias e linguagens, o que no inicio pode dificultar a leitura. Mas depois, é possível perceber que tudo faz parte da tentativa de nos transportar para dentro da atmosfera dessa sociedade futurista.  A leitura serviu de reflexão sobre como nossa vida pode ser manipulada, claro que não no nível do filme, mas como muitas vezes não paramos pra pensar nas atitudes que tomamos de tão mecanizados que estamos. Era impossível não ler o livro e não lembrar de músicas como Admirável Chip Novo e Anacrônico da  Pitty . Aldous foi um visionário e esse clássico deve ser lido e discutido por todos. Espero que tenham gostado da resenha, recomendo a leitura deste livro, bjnhos Pri